terça-feira, 12 de novembro de 2013

Que dia! (2)



Que dia! (2)

Que dia este
para acumular vontades florescidas
ainda na semente...

O mesmo dia
em que sonho singrar teus mares e
molhar meus pudores
(tão abissais e atávicos)
mas os escondo nas vírgulas deste poema...

Que dia
para conter a corrida dos sentidos,
a gula das mãos que tateiam sem ter
e a devassidão da nossa luxúria.

Para frear asas abertas,
voos clandestinos
 e explosões de estrelas...

O mesmo dia
para conceber que os jardins atrás do muro
são tão coloridos quanto impossíveis...

Para descobrir que sempre te pressenti,
sempre te soube e saberei.

O dia para entender que devo silenciar-me
para que ouças o que nunca ousarei dizer...

Ah!... Que dia...






domingo, 22 de setembro de 2013

Que dia!



Que dia!

Que dia este
para amarrar em permanência
palavras quase sempre passageiras.
O mesmo dia
em que cristalizo confissões,
provo a inocência do meu riso
e faço das horas um improviso de invenções...

Que dia
para pausar a voracidade do tempo,
encolher distâncias e regar girassóis.
Para reacender corpos livres,
já despidos das máscaras habituais
- antes tão coladas aos poros e vísceras -

Que dia este
para confirmar que tua canção única
amanhece em mim a gratidão por estar viva.
O mesmo dia para saber
que nunca haverá espaços
entre o calor da tua pele
e as torrentes do meu ventre.

E para sentir que não há nada em teu olhar
que eu não queira contemplar para sempre...

Ah!...Que dia...


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Novos Rumos




Bifurcação a alguns palmos de distância.

Paisagem nova de rubra flor que me atiça.

Sinalização:
Cuidado para não ancorar em areia movediça...




domingo, 19 de maio de 2013




Mãe,

Sei que a vida é um áspero caminho construído de pedra sobre pedra. 
Um amontoado de incertezas, escolhas e improvisos.

Sei que abismos nos espreitam e que às vezes as nuvens estão tão espessas
 que os dias mais se parecem noites.

Mas você me ensinou que esse caminho pode ser revestido por 
um tapete de otimismo e alegria. 
Que devemos colorir as horas, reavivar sonhos amortecidos
 e cuidar com amor e ternura dessa semente-vida para que 
ela floresça em toda sua plenitude e beleza.

Com você aprendi que cada nó de angústia pode vir enfeitado
 com um laço de esperança e que sempre é tempo de reinaugurarmos nossa fé.

Abençoada seja você, mãe amada, pela sabedoria e leveza
 com que conduz sua jornada. Pelo grandioso dom de cativar a todos 
com sua delicadeza e doçura.

Obrigada por me ensinar que há tantos encantos em cada detalhe da natureza, 
que o sorriso é nossa melhor poesia e que a bondade é a verdadeira prece.

Amo você de forma absoluta e infinita.


terça-feira, 14 de maio de 2013

Pensamento



Muitas vezes,
 a mente precisa flutuar nos extremos 
para que o corpo permaneça em equilíbrio.



sábado, 11 de maio de 2013

quarta-feira, 8 de maio de 2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013




Ontem amanheci brisa
e entardeci brasa.

Hoje ainda sinto a fumaça que me alisa...




sábado, 20 de abril de 2013




Na superfície,
placidez de anil.

Nas águas profundas,
tropel de correntezas.


Olhar miúdo só percebe a boca do funil...




segunda-feira, 15 de abril de 2013

Homenagem a Lapidum Joias



Meu olhar de safira
acende e confessa:

minha alma, gema bruta,
que em mim faz toada,
já não mais refuta

quer ser lapidada...

***

minha mão di(amante)
alicia e convida
e em teu corpo desenha
a mais atrevida rima

tu és raridade neon
turmalina paraíba...

***

meus lábios de rubi
enquanto dormem
se entreabrem

- sonham ser beijados por ti...



domingo, 14 de abril de 2013

Sentimentos opostos



Sou letra impressa
em cárceres e janelas

faço versos (ins)pirados 
em bosques de inquietações


- onde habitam lobos e querubins

desses que cantam
e hipnotizam
meu sexto e sei lá
quantos sentidos e
entorpecem uma dor
que nunca cessa

deito no dorso
de cometas alados
só para sentir o furor
do vento na face,
que mesmo coberta
por um véu de rendas
arrepia-se ao menor lampejo de brisa...



quarta-feira, 27 de março de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Pensamento




...Sabia dos riscos de imergir em alto-mar, 
mas também sabia que era lá que encontraria
 as melhores relíquias....




terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre ser diferente




Sou avessa aos estigmas
e desfraldo bandeiras de inclusão.
Se for para destruir algo,
que sejam os paradigmas...



quarta-feira, 6 de março de 2013

Alma Cicatrizada




Nas voláteis ruas do meu tempo
fui colecionador de esperas e crenças
- quase todas quebradiças –
que me levaram até uma rota de fogo
onde embalei cirandas confusas.

Com as pupilas abertas e descrentes
investiguei rastos carcomidos,
sonhei vinganças e tramas
- quase todas desnecessárias-
decalcando minhas inconstâncias
em espinhosas peles de seda.

Fiz-me rocha, porto, vento e mar.
Fui silêncio e grito escancarado.
Fui sombra de um roteiro viciado
nas mesmas curvas e valetas.

Hoje, alheio de mim mesmo,
refaço-me em luzes diferentes.

Máscara caída, riso liberto,
alma cicatrizada...



sexta-feira, 1 de março de 2013

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mutações




Hoje
habita em mim
um vulcão dormente.

Nenhum sinal de erupção,
tremor algum
ou leve pressão.
Apenas resquícios de lavas.

Hoje
habita em mim
uma lagoa.

Vastidão de águas cristalinas,
nenhuma correnteza
ou agonia.
Pequenas lembranças de ventania.


Amanhã já não sei...



quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Frágil




Como suavizo o atrito entre os passos e o chão?

Por que sou albergue se não há abrigo para meu frio?

Onde desaprendo os roteiros colhidos ainda tão verdes?

Basta um  sopro e a intenção já se estilhaça.

O piano desafina pouco e a melodia já se esgarça...



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Salvação





Em meu céu à deriva
cai a noite de chumbo
e nuvens de desamparo
escondem a réstia de sol.

Os ponteiros do relógio não vacilam
e marcam o ritmo da minha insônia.

Faz frio e minhas pálpebras
tem o peso do assombro.
A madrugada avança e ainda
sinto os arranhões tatuados no ventre.

Recorro as tuas palavras
(sempre tão carregadas de poesia)
e o peso delas me traz a leveza
que põe coragem em meu viver.

Repito-as como mantras de salvação.
São ritos de acalento
que me ancoram nesse alto-mar dos
medos inconfessáveis.

Estou salva!