quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mulher Borboleta




Menina franzina, de olhar atento,
carregou no ombro o peso do pranto.
Tantas lágrimas de desencantos
evaporadas pelo calor de julgamentos.

Trouxe no semblante traços de dor
gerados por flores de pétalas afiadas.
Venenos disfarçados em cálices de amor,
goles tragados com a boca amordaçada.

Menina que se fez mulher borboleta
criando voos em  bosques desconhecidos,
Jardins floridos de pétalas aveludadas
que enfim despertaram sonhos amortecidos.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Porto Seguro




Vislumbro teu rosto que é tão belo
mesmo cravejado por dores tatuadas
que desconhecem que de ruínas assoladas
também se erguem grandes castelos.

De tua alma de concisões e lisuras
escapa um breve sopro de aventura
retido em uma racionalidade pétrea
olhar furtivo: desconfiança escura.

Teus anseios ancoram em meu porto
de vontades queimadas por fogos de festim
Oferto-me a ti em bandeja de alento e ouro
para saciar toda tua sede e fome de mim...



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pontuações



Sou
ponto e vírgula;

às vezes, apenas vírgula,

e reticências então...
Infindáveis e evasivas reticências...

Sou parênteses também
(sempre necessito explicar-me de-ta-lha-da-men-te).

E interrogações? Será que sou?
Alguém tem dúvidas?

Ah! Quantas exclamações!
Colecionadora de efusivas exclamações!

Tenho meus valiosos momentos de aspas
“a escrita é a pintura da voz” (Voitaire).

Às vezes me posiciono como dois pontos:
há muito a se dizer e é preciso enumerar.

Sou de tudo um pouco
e de cada pouco sou toda.

Mas há algo que definitivamente não sou:
o ponto final.
E ponto.



              

domingo, 11 de dezembro de 2011

Chuva do Desejo




Cai a chuva em gotas loucas
e traz o desejo por um beijo cálido.
Sopra o vento que inflama a ânsia
de tocar teu corpo nu e molhado.

Fluidos misturam-se à agua emanada,
profusão de impulsos desatinados.
Bocas que ardem em beijos mordidos, 
banhos de corpos rijos e apaixonados.

Em livre cadência de movimentos e gemidos,
desfalecem os sentidos já plenos e saciados.
Permanece a paz de um amor refletido  
em intenso prazer nunca antes experimentado.