Que dia! (2)
Que dia este
para acumular vontades florescidas
ainda na semente...
O mesmo dia
em que sonho singrar teus mares e
molhar meus pudores
(tão abissais e atávicos)
mas os escondo nas vírgulas deste poema...
Que dia
para conter a corrida dos sentidos,
a gula das mãos que tateiam sem ter
e a devassidão da nossa luxúria.
Para frear asas abertas,
voos clandestinos
e explosões de
estrelas...
O mesmo dia
para conceber que os jardins atrás do muro
são tão coloridos quanto impossíveis...
Para descobrir que sempre te pressenti,
sempre te soube e saberei.
O dia para entender que devo silenciar-me
para que ouças o que nunca ousarei dizer...
Ah!... Que dia...