Uma das coisas que mais me
deixam perplexa é a maneira preconceituosa que alguns julgam a vida e o
trabalho alheio, convictos que habitam em uma esfera superior, até intocável,
onde reside a verdade absoluta.
Outro dia ouvi de uma catedrática
que os “best-sellers” são demasiadamente pobres e lhes causam asco, razão pela
qual não os lê. Compreendo que seu nível de exigência é alto e que aprecia uma
literatura refinada. Até aí tudo bem, mas dizer que se sente enojada?!..Será
que não percebe que tais livros podem beneficiar e entreter milhares de pessoas
através de uma linguagem acessível e que muitas que não têm o hábito da leitura
podem começar a gostar de ler?
É claro que aprecio os
bons livros, principalmente os clássicos, mas confesso que não tenho o menor
preconceito com literatura de massa.
Acho
um desperdício focarmos apenas no lado negativo das coisas. Criticar tudo o
tempo todo torna a pessoa ranzinza, azeda e infeliz. O negativismo mina o
prazer de viver, afinal o que há de agradar alguém tão exigente?!
Conheci a história de um
rapaz que não teve condições de terminar seus estudos, mas que nem por isso se
intimidou diante da vida. Abriu um pequeno comércio, ainda bem moço, e
trabalhou arduamente. A loja cresceu muito e com o tempo abriu filiais. Buscou
cursos de aperfeiçoamento e aos poucos foi ganhando mais conhecimento técnico.
Seu negócio prosperou de tal forma que hoje o país inteiro é abastecido com
seus produtos. Descobri que durante as palestras iniciais ele cometia alguns
erros crassos de português, motivo de grande chacota e desdém. Costumavam
brincar: “Esse é o cara. O cara que “fazeu”. Sim, de fato ele fez mesmo... fez
bonito e continua fazendo. A despeito das dificuldades e erros, do olhar torto
e do preconceito que o espreitava, jamais perdeu o entusiasmo pelo trabalho e
por aprender coisas novas.
Longe de fazer uma apologia
à ignorância ou à falta de qualidade, penso que é preferível uma ação à pura e
simples retórica.
Como bem escreveu Vinícius
de Moraes: “A vida só se dá pra quem se deu”. Um viva para quem sonha e realiza
e um viva ainda maior para quem não se intimidou e “fazeu”!