domingo, 27 de março de 2011

Só meu coração




Fiz
do ponto final
uma vírgula

do definitivo
uma interrupção

da tristeza
uma sublimação

da palavra perdida
uma dissertação

do script de vida
uma nova canção

Se fiz bem, não sei,
mas ouvi meu coração.

Só meu coração.




Grito Silencioso



Os pensamentos sobrevoam
espaços vazios
e pousam demoradamente
em seu olhar ávido
que, complacente
dos dizeres nunca ditos,
sela silenciosamente
nosso acordo tácito.


Os passos percorrem
labirintos de devaneios
e findam cansados
em uma utópica gruta
de onde nada mais se escuta
que o próprio silêncio a gritar...




Água fluente



Tal como água
fluo
mato a sede
apago o fogo
inundo.

Depois
deságuo
dissipo
evaporo.

E broto novamente da terra.

Às vezes
grande lagoa
outras tantas
simples ribeirão.

Às vezes
chuva fina
outras tantas
tempestade com trovão.

Mas nunca água represada

E assim sigo escoando,
contornando os obstáculos 
rumo ao Grande Oceano...



Talvez amanhã




Quem sabe algum dia
Meu amanhecer seja diferente?
No lugar de um sol que se põe
Eu encontre um sol nascente.

Quem sabe algum dia
O pouco já seja o suficiente,
A dor seja sublimada
E o oculto se torne aparente.

Quem sabe algum dia
Meus caminhos estejam certos,
Eu corra em direção a mim
E me encontre de braços abertos.

Talvez ainda haja tempo
Quem sabe amanhã?!...



terça-feira, 22 de março de 2011

Em carne viva



Poesia
é a palavra vestida de arte,
é ofertório da alma
envolta em metáforas.

É dança sensual das sílabas,
gozo das frases
convulsão dos sentidos.

Rio de pulsões,
expulsões
e catarses.

É eixo de delírios, 
vértice de realidades.

E não mora
apenas em versos rimados e metrificados. 

A poesia vive,
principalmente,
na letra latejante
que sangra
e no verbo
que GRITA
em carne viva.