sexta-feira, 29 de junho de 2012

Uma só asa



Nunca te contei
do crepúsculo
que sonda meus dias.

Nem dos passos feitos
de abismo e desamparo.

Nem das horas que fenecem
e transcendem o nada.

Nunca te confessei
meus loucos desatinos.

Tampouco te mostrei
minhas gavetas abarrotadas
de cartas seladas
por segredos e descasos.

Ah!...Nem imaginas tantas coisas...

Nem sabes que tive
meu jardim devastado
por tantas e tantas vezes.

Nem que tenho em meu peito
uma lança cravada
e que o sangue nunca estanca.

Mas também nunca
te contei
que trago comigo:

um ramo de sol,
uma nesga de brisa
e uma única asa.

E isso me basta.



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