domingo, 20 de janeiro de 2013

Para existir




Escrevo para tranquilizar minha ambivalência
e distrair minha inconstância.
Para me perder em céus de chumbo
e depois aterrissar em solo seguro. 

Escrevo não para expor o que penso,
mas para preservar o que ainda não sei dizer.

Escrevo para decifrar as feras que uivam em meu porão,
e também para espantar meus fantasmas.

Escrevo não para inventar dilemas insanos,
mas para rever aqueles esquecidos ou evitados.

Escrevo para perder o senso e depois reencontrá-lo na próxima esquina.
Para destruir convicções, principalmente as próprias.

Escrevo por prazer e paixão.

Para transgredir-me...

Escrevo, enfim, para existir.



2 comentários:

  1. "Escrevo não para expor o que penso,
    mas para preservar o que ainda não sei dizer."
    Fiquei maravilhado com a profundidade destes 2 versos e de mais outros que me dispenso de citar.
    EXCELENTE, não tenho mais palavras.
    Luciana, querida amiga, tem uma boa semana.
    Beijo.

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  2. Escreves, poeta, para nos redimir. Teu poema é o discurso que nos traduz. Muito bonito, mesmo.

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