domingo, 4 de setembro de 2011

Inspirações cruas




Brotam-me palavras
puras
cruas
nuas
para vesti-las a meu bel-prazer
(fatigo-me das roupas emprestadas).

Afloram-me frases
livres
soltas
loucas
para compô-las em versos sem rima
(de prisões e correntes ponho-me farta).

A sede de escrever bebe direto na fonte
nascente fulgurante em meio ao oásis,
vaga-lume emergente no breu da dor,
fresta iluminada na porta cerrada.

Invadem-me inspirações e sentimentos
que se debruçam no meu pensar,
deitam-se no meu escrever
e desfalecem no meu viver...



2 comentários:

  1. Magnífico, Lu! Muito lindo e intenso, além de uma delicadeza singular, muito próprio do teu estilo... Realmente, a disposição gráfica dos versos e estrofes compõem e reforçam o significado do poema...As duas primeiras estrofes mais soltas; as palavras deslizando ( "brutas/cruas/nuas"), depois ("livres/leves/soltas)...Em seguida as duas estrofes presas à métrica, mostrando essa dualidade de que as amarras fazem parte, muitas vezes se impõem , apesar da luta pela liberdade de expressão no fazer poético...Também muito interessante o uso de metáforas escolhidas com precisão e sensibilidade: " ...vaga-lume emergente no breu da dor/Fresta iluminada na porta cerrada, etc.) Esse verso "Fresta iluminada na porta cerrada" simbolizando a palavra, a expressão clara, aberta, livre se insinuando na " porta fechada", que seria o rigor formal que a impede de expressar-se despojadamente, sem amarras... Também o verso belíssimo: " as palavras...vesti-las a meu bel prazer/ ( fatigo-me das roupas emprestadas)... uma animização perfeita, que mostra a necessidade do poeta de revestir as palavras de sentidos inusitados, avessos ao lugar comum; usá-las com a autenticidade própria, com estilo próprio, recriando-as e, assim, recriar o mundo à sua volta... Gostei demais, Lu! Parabéns! Vou compartilhar no Face, ok?! Beijinho, flor!

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  2. olá amiga, Luciana...vim ver do tal para que lhe faltava a coragem...e deparei com este mimo de beleza poética...onde as palavras se tocam de emoções... e espraiam sentimentos da alma de poeta...beijos

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